Esses dois empreendedores têm como alvo os “criptocuriosos” da América Latina

19 de abril de 2022 | De Vicki Hyman

Em 2021, dois marcos de blockchain aconteceram na América Latina: El Salvador se tornou o primeiro país a aceitar Bitcoins como moeda legal, e as Bahamas saltaram à frente de outras economias mais robustas, incluindo China e Nigéria, ao lançar a primeira moeda digital do mundo apoiada por um banco central.

Em suma, 2021 foi um ano crucial para as criptomoedas na região. De acordo com os resultados de uma pesquisa da Americas Market Intelligence (AMI) encomendada pela Marstercard, quase um em cada cinco adultos na América Latina já usa moedas digitais e quase metade dos consumidores de criptomoedas fizeram sua primeira compra em 2021. Enquanto os primeiros usuários eram em sua maioria ricos ou experientes em tecnologia, espera-se que a próxima geração de usuários cripto represente um espectro mais amplo da população. A pesquisa da AMI revela que 68% dos “criptocuriosos” são de médio ou baixo poder aquisitivo, em comparação com quase metade dos usuários de criptomoedas da região.

Em seus primórdios, elas eram consideradas um investimento puramente especulativo com pouca utilidade no dia a dia, mas isso também parece estar mudando na América Latina: a pesquisa revela que 10% das pequenas e médias empresas da região já adotaram criptomoedas como meio de pagamento, enquanto 15% estão em fase de experimentação.

A Bitfy, do Brasil, e a Belo, da Argentina, ambas carteiras digitais de criptomoedas que trabalham para levar seus benefícios a mais pessoas, juntam-se à última edição do Start Path Crypto, o programa da Mastercard que visa apoiar empresas de ativos digitais, blockchain e criptomoedas de rápido crescimento. Start Path Crypto oferece a experiência da Mastercard, sua infraestrutura tecnológica, sua rede de pagamentos e a possibilidade de gerar alianças que impulsionem seu crescimento.

“Somos uma startup que aspira à grandeza”, afirma Lucas Schoch, CEO da Bitfy, um aplicativo que oferece maior segurança e melhor experiência de usuário para o investidor que deseja comprar ativos digitais, mas não é um operador. "A parceria com um gigante como a Mastercard nos permitirá aprender com sua experiência."

Manuel Beaudroit é Cofundador da Belo, que também oferece um cartão pré-pago Mastercard que permite pagar e economizar em criptomoedas.

“Fico animado ao pensar como essa novidade tecnológica é uma solução potencial para vários dos problemas sistêmicos do mundo, especificamente na América Latina”, diz Beaudroit. "É por isso que decidi aplicar todo o meu esforço e tempo para tornar as criptomoedas acessíveis e massivas."

A Newsroom da Mastercard conversou com Schoch e Beaudroit sobre suas primeiras experiências com criptomoedas, como eles montaram seus empreendimentos e as oportunidades que o blockchain oferece:

Você se considera um dos primeiros usuários de criptomoedas?

Schoch: Em 2011, eu estava jogando World of Warcraft. Dentro desse jogo, poderia comprar e vender itens com os outros jogadores, e foi quando acabei investindo 1100 bitcoins no jogo, mas as perdi. Então percebi que tinha que aprender mais sobre isso. Foi quando montei sucessivos casos de uso de criptomoedas: mineração, arbitragem, pagamentos e, finalmente, a carteira Bitfy.

Beaudroit: Comecei minha jornada com criptomoedas por acidente no final de 2012. Na época, eu trabalhava em um mercado global de empréstimos e tivemos alguns problemas com pagamentos e cobranças. Um dia ouvimos falar de bitcoins e, depois de pesquisar minuciosamente suas possibilidades, decidimos incorporá-las como meio de pagamento. Ninguém as usava naquela época, mas esse experimento foi o primeiro passo dos dez anos em que estou nesse caminho dedicado a essa tecnologia incrível.

Qual foi o momento decisivo na criação da sua empresa?

Beaudroit: A primeira hipótese que queríamos testar era que, se criássemos um produto com uma UX muito simples, mais pessoas mudariam para criptografia. E no mesmo dia em que lançamos, comecei a receber milhares de mensagens de pessoas que queriam se juntar e trazer seus amigos e familiares sem precisar explicar como fazer. Foi então que percebemos que o MVP que desenvolvemos estava no caminho certo.

Schoch: Dois anos após a criação de nossa empresa, cinco grandes fintechs do meu país me perguntaram se poderíamos compartilhar nossa tecnologia. Então percebi que o desenvolvimento é o tesouro da Bitfy, e não apenas a carteira.

Qual é o maior desafio da popularização das criptomoedas? E como resolvê-lo?

Beaudroit: A cripto é a soma de duas questões complexas: dinheiro e tecnologia. Uma das teses da Belo é abstrair a tecnologia o máximo possível para colocar o foco nos problemas que estamos tentando resolver, tanto em termos de produto quanto de comunicação. Assim, nos permitimos usar metáforas e analogias para desafiar as pessoas comuns e seus problemas cotidianos, o que é mais intuitivo do que apelar à tecnologia.

Schoch: A cripto ainda está em pleno desenvolvimento. É necessário simplificá-la. Costumo dizer que a cripto é como o protocolo TCP dos primórdios da Internet: já existem pessoas querendo construir o Facebook, mas primeiro é preciso criar os navegadores e o Google!

O que você acha que é a coisa mais inovadora no universo blockchain/cripto?

Schoch: Definitivamente, produtos de infraestrutura. Blockchain como Serviço vai disparar nos próximos dois anos. Todas as fintechs do mundo estarão conectadas ao blockchain de uma forma ou de outra.

Beaudroit: Há tanta coisa acontecendo agora que é praticamente impossível acompanhar tudo o que está sendo desenvolvido. Mas DeFi é algo que precisamos ficar de olho, definitivamente. Seu potencial é enorme. As DAOs [organizações autônomas descentralizadas, por sua sigla em inglês] também me atraem muito: a possibilidade de criar comunitariamente no mundo digital é algo emocionante. Os NFTs também têm muito potencial e valor. No entanto, acho que a febre do segmento é um pouco irracional.

Onde você vê sua empresa em cinco anos?

Beaudroit: No longo prazo, a Belo aspira ser a primeira plataforma cripto com 1 bilhão de usuários em todo o mundo, o que ajudará no surgimento de uma nova economia graças ao poder de DeFi, DAOs e a paixão das pessoas por criar e gerar valor.

Schoch: A indústria de blockchain está crescendo. Todas as fintechs do mundo estarão conectadas ao blockchain de uma forma ou de outra. E a Bitfy será a infraestrutura que apoia tudo isso.

Vicki Hyman, DIRECTORA DE COMUNICACIÓN, MASTERCARD

vicki.hyman@mastercard.com